15 janeiro 2010

Egaiole-se em suas asas

Pense no pássaro que voa livremente pelos ares de sua razão animal; manobras claras de liberdade irracional, apreciando o que de mais belo tem na natureza. Pousa em seus descansos, desfruta de seus prazeres instintivos; alça vôos do ápice de sua vontade maquinal. Predador por necessidade e reprodutor oriundo; sua única vaidade: Seu canto.

Sem medo e sem limitações espaciais. Simplesmente um voador, planando no céu de seus devaneios reais, a mercê da fluidez do rio do tempo.

Agora imagine este mesmo ser sendo aprisionado, tolhido de suas intrínsecas necessidades. Não podendo mais gozar livremente de sua condição como ser vivo. Este que nascera com sua raiz já predestinada a uma certa prisão, acaba de ser decepada todas as chances de desfrutar do tempo restante que lhe compete como ser vivo e da liberdade condicionada que lhe cabe.

Agora se coloque no lugar deste ser. Ao menos tente sentir o ar de hostilidade que agora circunda sua vida. Isso é vida?

Não vivo como o pássaro – que fora capturado e engaiolado. Não me aprisiono e nem permito ser. Não que ele tenha culpa por ser capturado, afinal ele é irracional. Mas e nós, seres humanos, racionais, por que nos deixamos aprisionar por gaiolas sistêmicas? Não temos razão, moral, ética, dentre outros palavrórios que o homem inventou para classificar atitudes que deveriam ser tomadas e/ou que são tomadas? Acho que já existem muitas palavras e pouco uso prático e benéfico delas. Palavras o vento leva, atitudes o tempo registra. Alçarei vôos para não me coagirem a me engaiolar. Minha próxima parada? O céu já não é mais o limite. Não tenho paradas. A felicidade – dizia Margaret Lee Runbeck, e eu completo – assim como a liberdade não é uma estação a qual chegaremos e sim uma forma de viajar. Tente viajar, livremente, e não estagnar em uma estação.

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