Tenho uma pedra que gostaria que fosse uma ave.
Planar pelo infinito e navegar pelos mares.
Mas ela é muito dura e não planaria por muito tempo.
E como não sabe nadar e pesa mais do que o ar,
Cairia no fundo do alento.
Perguntei a ela, então, se gostaria que eu a carregasse.
Levaria ela ao céu e nadaria com ela em outras faces.
Ensinaria como voar e como velejar por entre águas e molhares.
Ela me disse que não entendia o que eu estava a propor.
Pois não era ela que não sabia voar ou nadar,
Sou eu que não sei onde estou.
Pois tudo que existe tem seu trajeto,
Uns como folha outros como inseto.
Uns pra sonhar outros para fazer.
E assim como tudo, ela também fazia o seu dever.
Ensinava os apreçados a cair e os humildes a entender,
Que não é quão dura seja uma pedra
É sua bela forma de proceder.
E assim eu compreendi, que não é pena que devo ter,
É a certeza de que não é a forma do objeto,
Nem qual seja o seu trajeto,
Que irão influenciar em seu prazer.
É a consciência de sua dádiva,
E como aplicar isso em seu viver.